segunda-feira, 7 de abril de 2008

Caravelas Portuguesas;

Caravelas Portuguesas; Perigo EXTREMO!
Na passagem de ano para 2008 foram noticiados “ataques de águas-vivas” nos litorais de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Na verdade, eram caravelas-portuguesas (foto ao lado) que estavam procurando águas quentes no litoral do Sul e do Sudeste do Brasil.

Esse episódio atingiu banhistas em período de uso intenso da praia, em cidades com estrutura boa de atendimento médico. No entanto, com as facilidades de viagem, cada vez mais o contato com espécies marinhas perigosas se torna comum. A maioria dessas espécies vive em águas quentes, como as da costa brasileira, principalmente ao redor dos recifes. Com o aumento progressivo dos mergulhos em áreas costeiras, o risco de contato aumentará. Contudo, a maioria dos casos são de baixo risco de morte, somente com desconforto da dor e prurido.

Além da ação da toxina há também o risco de reação alérgica e infecção bacteriana associada e tétano. A reação anafilática, visto que parte considerável dos mergulhadores foi exposta anteriormente ao antígeno do animal, poderá ocorrer, e o seu tratamento em condição de emergência é facultada ao leigo bem informado.

As infecções bacterianas são também freqüentes em acidentes por animais do mar, mas a cultura da secreção é mais difícil porque o efeito da água salgada interfere na realização dos exames.
Antibióticos que tenham cobertura para Vibrio vulnificus, Aeromonas hydrophila, Edwardsiella tarda, Erysipelothrix rhusiopathiae, Mycobacterium marinum, Streptococcus iniae, e Vibrio damsela poderão ser administrados a critério médico.

A vacinação antitetânica está indicada para adultos a cada dez anos, em conjunto com a vacinação para difteria (ver
Como funcionam as vacinas). Para indivíduos que irão se aventurar no mar ou em passeios marítimos deveria ser obrigatório o reforço quando o prazo de validade da vacina estiver vencido.
Além das águas-vivas há descrição de outros envenenamentos com seres marítimos na costa brasileira desde a época do descobrimento do Brasil. Uma excelente revisão baseada também na própria experiência profissional foi realizada pelo professor Victor Haddad, da UNESP, no "Atlas de Animais Aquáticos Perigosos do Brasil - Guia Médico de Identificação e Tratamento de Acidentes". Editora Roca, São Paulo, 2000.

* Água-viva e caravela-portuguesa
Uma descrição mais detalhada da água-viva e da caravela-portuguesa você poderá ver em
Como funciona a água-viva. A importância médica das águas-vivas e da caravela-portuguesa vem do próprio nome do filo Cnidários, (da palavra grega "urtiga que queima"). As caravelas-portuguesas pertencem à classe Hidrozoa, e a espécie Physalia physalis é muito comum, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Todas as espécies cnidarianas têm uma boca no centro do corpo, envolvida por tentáculos. Os parentes cnidarianos incluem corais e anêmonas do mar. A água-viva é composta por cerca de 98% de água. Se permanecer na areia, desaparecerá assim que desidratar. A maioria é transparente e tem o formato de um sino, enquanto as caravelas-portuguesas lembram uma nau lusitana, como o próprio nome obviamente indica. O corpo dos cnidários tem simetria radial, sem esqueleto e sistema nervoso central, mas há nervos periféricos fundamentais para orientação e detecção de odores e luz. Cada tentáculo da água-viva é coberto por milhares de células chamadas cnidoblastos, que abrigam nematócitos que possuem os filamentos urticantes. Quando uma água-viva encontra outro objeto, a pressão interna do nematócito faz com que os filamentos se desenrolem liberando o veneno. O grau de dor e a reação a uma fisgada de água-viva podem depender das espécies. Os sintomas locais são sensação de ferroada, com aumento progressivo da dor, vermelhidão, coceira e aparecimento de pápulas ou vesículas. Há sintomas gerais como espasmo muscular, náusea e diarréia.
O tratamento consiste em:
1. imobilizar o membro afetado;
2. inativar os nematócitos com vinagre ou ácido acético por dez minutos;
3. não utilizar água fresca, álcool ou água sanitária porque aumentam a liberação de veneno pelo nematócito;
4. não esfregue a área atingida - simplesmente tente retirar os tentáculos;
5. passe creme de barbear e cuidadosamente passe a lâmina de barbear sobre a área atingida para retirar os nematócitos;
6. cremes com corticóides ou anestésicos podem ser aplicados depois da limpeza para alívio da dor.
Tratamento alternativo:
1. na ausência de vinagre, lave com água do mar colhida em distância considerável do acidente para evitar que haja mais tentáculos na água;
2. jogue areia fina, talco ou farinha na lesão com a parte cega de um faca.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom! Amei encontrar este bem ocupado e belo espaço virtual. Também amo bichos e resido atualmente aqui na grande Florianópolis. Meus nome é Solange, sou natural de POA/RS e adorarei receber tbm tua visita e comentário em meu Fotolog:
soso.omeu.com.br
Continue assim....Tudo de bom...bjs na alma,

Anônimo disse...

Digo, meu nome....rsrs